NOS PRIMEIROS MESES DE 2021, REGISTOU-SE EM PORTUGAL, O VALOR DE:
- natalidade mais baixo de sempre – fevereiro
- mortalidade mais elevado desde o início da pandemia – janeiro
Em janeiro e fevereiro de 2021, nasceram com vida, respetivamente, 5 912 e 5 651 crianças, menos 1 415 (-19,3%) e 708 (-11,1%) que nos meses homólogos de 2020. Assim, nestes meses registaram-se os valores mensais mais baixos alguma vez observados desde que há registos no INE (1911).
No mês de janeiro de 2021, registaram-se 19 634 óbitos em Portugal, o maior valor mensal observado desde o início da pandemia, mais 7 772 óbitos (65,5%) que no mês homólogo de 2020. Destes, 5 785 foram óbitos por COVID-19, correspondendo a 29,5% da mortalidade nesse mês.
Em fevereiro, o número de óbitos foi ainda superior ao valor homólogo de 2020 (+28,7%), apesar da redução para 12 716. Neste mês, o número de óbitos por COVID-19 foi de 3 594, o segundo mais elevado a seguir ao mês de janeiro, correspondendo a 28,3% do total dos óbitos.
O número de óbitos continuou a decrescer nos meses de março e abril de 2021, para 9 598 e 8 386, respetivamente, atingindo valores abaixo dos registados nos mesmos meses de 2020. O número de óbitos por COVID-19 foi 508 e 117, representando, respetivamente, 5,3% e 1,4% do total de óbitos.
O aumento do número de óbitos e o decréscimo do número de nados-vivos determinaram um forte agravamento do saldo natural nos primeiros dois meses de 2021, atingido, respetivamente,-13 975 e -6 802.
Natalidade com os valores mensais mais baixos alguma vez observados
Em janeiro e fevereiro de 2021, registaram-se, respetivamente, 5 912 e 5 651 nados-vivos, correspondendo a uma redução de 19,3% (-1 415) e 11,1% (-708) relativamente aos mesmos meses de 2020, mantendo-se, assim, a tendência de decréscimo verificada desde julho de 2020.
De facto, no primeiro semestre de 2020, excetuando fevereiro, o número de nados-vivos foi sempre superior ao de 2019. Contudo, de julho a dezembro a variação homóloga foi sempre negativa, tendo-se verificado a maior descida em dezembro de 2020 (-9,7% de nados-vivos), correspondendo este mês ao mês de nascimento de nados-vivos concebidos já em período de pandemia.
Naqueles meses, registaram-se os valores mensais mais baixos alguma vez observados desde que há registos no INE (1911).
Fonte: INE, Nados-vivos
Em março e abril, a mortalidade diminuiu para valores pré-pandemia
No mês de janeiro de 2021 registou-se o maior número de óbitos mensal observado desde o início da pandemia (19 634), a que corresponde um aumento da mortalidade de 65,5% (+7 772 óbitos) relativamente ao mesmo mês de 2020.
Do total de óbitos, 5 785 foram por COVID-19, representando 29,5% da mortalidade em janeiro e o máximo mensal de óbitos por COVID-19. A mortalidade reduziu-se em fevereiro para 12 716 óbitos, continuando, todavia, a registar um aumento relativamente ao mês homólogo de 2020, de 28,7% (+2 836 óbitos). Neste mês, o número de óbitos por COVID-19 foi de 3 594, o segundo mais elevado a seguir ao mês de janeiro, correspondendo a 28,3% do total.
Nos meses de março e abril de 2021, o número de óbitos continuou a decrescer atingindo valores abaixo dos registados nos mesmos meses de 2020, representando a possibilidade de início da retoma da mortalidade a valores de anos anteriores à pandemia. Nesses meses registaram-se em Portugal, respetivamente, 9 598 e 8 386 óbitos, menos 9,6% (-1 019 óbitos) e menos 19,5% (2 036 óbitos) que nos meses homólogos de 2020. O número de óbitos por COVID-19 nesses meses foi 508 e 117, representando, respetivamente, 5,3% e 1,4% do total de óbitos.
Fonte: INE, Óbitos. Direção-Geral da Saúde, Relatório diário de Situação COVID-19
Numa análise da mortalidade por semanas, observou-se que a partir da última semana de 2020 (28 de dezembro a 3 de janeiro de 2021), o número de óbitos aumentou de forma acentuada até à 3ª semana de 2021 (18 a 24 de janeiro), atingindo então o maior número de óbitos semanal observado desde o início da pandemia (5 038). No entanto, foi na 4ª semana (25 a 31 de janeiro) que se registou o maior número de óbitos por COVID-19 (2 036), iniciando-se a partir de então uma tendência decrescente. Na 16ª e 17ª semanas (de 19 de abril a 2 de maio), registaram-se em Portugal, respetivamente, 1 905 e 1 871 óbitos. O número de óbitos por COVID-19 nestas duas semanas foi 19 e 12, representando, respetivamente, 1,0% e 0,6% do total de óbitos.
Fonte: INE, Óbitos
Portugal foi, no mês de janeiro, um dos países com maior excesso de mortalidade num total de 30 países europeus
Considerando o indicador “excesso de mortalidade” calculado pelo Eurostat, que compara o número de óbitos registados em cada mês, nos países da União Europeia e da EFTA, com o número médio de óbitos mensal no período 2016-2019, Portugal foi, no mês de janeiro, um dos países com maior excesso de mortalidade num total de 30 países europeus: mais 60,2% de óbitos que a média de 2016-2019, ocupando a 2.ª posição, apenas atrás da Eslováquia (mais 73,4%). No mês de fevereiro, o excesso de mortalidade reduziu-se em Portugal e na maioria dos países. Neste mês, Portugal apresentou um excesso de mortalidade de 24,2%, ocupando a 3.ª posição, atrás da Eslováquia (+67,0%) e da Chéquia (+40,3%).
Em março, Portugal registou um excesso de mortalidade negativo de 4,8%, refletindo a redução da mortalidade para valores abaixo da média de 2016-2019 e a retoma dos valores de óbitos pré-pandemia.
Fonte: Eurostat, Excess mortality – monthly data (extração efetuada em 12/05/2021)
Pelo maior risco de óbito por COVID-19 apresentado pela população mais idosa, países com uma população mais envelhecida podem ser mais penalizados, apesar da estrutura etária das populações ser apenas um dos múltiplos fatores que podem explicar as diferenças no excesso de mortalidade. Na análise da relação entre a percentagem de população com 80 anos e mais e o excesso de mortalidade, Portugal, no mês de janeiro (Figura 4), destacava-se como um dos países em que a associação entre estas duas variáveis era mais forte, com uma percentagem de população idosa elevada (6,6%) e um acréscimo de mortalidade elevado (60,2% relativamente à média 2016-2019).
Em março (Figura 5), apesar de Portugal estar entre os países com maior proporção de população com 80 anos e mais, registou um excesso de mortalidade negativo (-4,8%), em resultado da aplicação de medidas mais restritivas para contenção da pandemia, onde se incluíram restrições à mobilidade e ao contacto social, aplicadas desde meados de janeiro, e da generalização da vacinação entre a população mais idosa.
Fonte: Eurostat, Excess mortality – monthly data (extração efetuada em 12/05/2021)
Saldo natural1: janeiro de 2021 com o menor saldo registo dos últimos 2 anos
O aumento do número de óbitos, para o qual contribuiu a mortalidade por COVID-19, assim como o decréscimo do número de nados-vivos, determinaram um forte agravamento do saldo natural em 2020 e nos dois primeiros meses de 2021.
Em 2020, o mês de dezembro foi aquele em que se observou o menor saldo natural (-6 703), seguido de novembro e janeiro, respetivamente, com -4 521 e -4 632. Entre fevereiro e setembro de 2020, com exceção dos meses de abril e julho, o saldo natural recuperou.
A partir de outubro de 2020, o saldo natural voltou a agravar-se, tendo registado em janeiro de 2021 o valor de -13 975 e em fevereiro o valor de -6 802. Do período em análise, janeiro de 2021 foi, assim, o mês com o menor saldo natural observado.
Fonte: INE, Óbitos, Nados-vivos e Indicadores Demográficos
Celebração de casamentos afetada pelas medidas restritivas de contenção da pandemia
Em janeiro e fevereiro de 2021 celebraram-se, respetivamente, 812 e 174 casamentos, correspondendo a uma redução de 45,2% e 87,9% relativamente aos meses homólogos de 2020. A quebra registada no mês de fevereiro de 2021 só foi ultrapassada pela verificada em abril de 2020, mês com o menor número de casamentos desde que há registos (117), representando uma quebra de 93,4% relativamente a abril de 2019.
Fonte: INE, Casamentos
1O saldo natural é calculado com base no número de nados-vivos de mães residentes em Portugal e no número de óbitos de residentes em Portugal
Alguns títulos da divulgação na Comunicação social, a 16.05.2021
Para saber mais ...